sábado, 6 de junho de 2015

Despedida de B.B. King

Eu era apenas um sweet eighteen, Tinha acabado de completar 18 anos, coisa de três meses atrás. Me sentia um homenzinho, como os meninos de dezoito sentem, e com razão. Já tinha carteira de motorista e já conhecia o amor e seus demônios. Tinha recém conhecido o blues verdadeiramente negro através do álbum "Takin' care of business de Freddie King , e me apaixonara. Pelo álbum, pelo blues, pela vida, por uma mulher. Enfim, o blues havia chegado em minha vida.
B.B. King vinha tocar no Olimpia, em São Paulo. Meu pai Dorival da Silva, generoso como sempre me emprestou seu fusca, na época um baita carrão, e fomos eu, Reinaldo Nunes Marcão Caverna e Ball (que time, zizuis!) ao show.
Ali eu vi um homem, um perfeito cavalheiro, um ser generoso subir ao palco e se desnudar como artista. Vi que a coisa toda podia ser verdadeira, humana, catártica e cotidiana ao mesmo tempo. Ali vi uma celebração da música, do amor à vida, à beleza, à amizade, à gentileza.
Ali, com dezoito anos de idade, decidi o que queria fazer da minha vida: Queria tocar blues, tocar guitarra. Mas, acima de tudo, ali tive uma aula definitiva de gentileza, generosidade, elegância sem afetação, beleza, tesão. Tento até hoje seguir esses ensinamentos. B.B. King não foi só um músico. foi um filósofo simples, das plantations de algodão, um homem que só conheceu o pai depois da fama, e que, quando sua mãe morreu, ele com apenas oito anos de idade, ficou morando e vivendo sozinho em uma cabana no meio da plantação de algodão. E que saiu de lá para Memphis, para o mundo para a história. Obrigado, meu rei, o único rei que eu reverenciaria, mesmo você não gostando de reverências. Obrigado mesmo, do fundo do meu coração, hoje estilhaçado,

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