quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Violinos, barracas de camping e grandes olhos

Há vinte anos atrás entrei no berçário do Hospital Samaritano em Sorocaba, e todas as crianças estavam dormindo, embora fosse em torno do meio-dia. Menos uma, que estava com seus olhões arregalados. Eu já era um menino aos 23 anos, mas confesso que ainda tinha muito que aprender, muito que viver para me tornar o menino que hoje sou. Esse bebê continua com olhos enormes como os meus. Mas cresceu, ficou do meu tamanho, e me cresceu junto. Há vinte anos atrás, minha Gabi Silva estreiava neste mundo louco e belo. O amor renascia pra mim. Quando pela primeira vez a peguei em meus braços e senti seu cheiro, não fazia idéia de quanto minha vida mudaria, e para melhor. Nesses vinte anos, brincamos, cultivamos nossos silêncios, dividimos nossa barraca de camping, estudamos violino juntos, trocamos livros e filmes, fomos mais do que pai e filha, amigos. Lembro que quando gravei o CD "Diversônico" da banda Deciberros, de uma certa maneira até hoje inédito, apesar de ter tocado bastante em rádio, era uma época em que eu ficava o dia todo com Gabi, ela com mais ou menos seis pra sete anos. Passava horas no estúdio, vivenciando aquela experiência incrível que era gravar meu primeiro CD realmente com músicas autorais, cuidar dos arranjos, dos timbres. Não tinha com quem deixar Gabi, e a levava com uma sacola de brinquedos para o estúdio. Enquanto eu gravava as guitarras, ela me esperava brincando. Em uma certa ocasião, resolvemos gravar um simples "ahã" com uma voz feminina na música "malandra". Tom Soares, o vocalista da banda e autor da música sugeriu que Gabi gravasse. Ela não quis nem papo. Ali vivenciei uma das belas características de Gabi: Ela é fácil de lidar, não reclama muito e topa qualquer aventura. Mas quando ela diz NÃO, quer simplesmente dizer não. Insistir é perda de tempo. Minha guria sabe o que quer e o que não quer. Me orgulho disso. Hoje sinto o coração repleto e as lágrimas felizes no rosto, por ter esse amor tão vivo, e vê-la seguindo sua vida, prestes à experimentar a emoção que vivi naquele dia 13 de agosto de 1.993. A caminhada teve suas pedras, nem sempre foi fácil, mas juntos, nunca fomos de cultivar a facilidade. Estamos grandes e fortes, cultivando esse amor que se multiplica. Parabéns, minha filha querida, e, com licença, também me dou parabéns por desfrutar de tamanha felicidade. Que venha a vida, ao lado de minhas filhas, é muito mais vida. Parabéns, Marlene Andrade , você merece mais que todos essa alegria. Bora comemorar, Gabi!

3 comentários:

  1. Eloah Magdalena de Oliveira14 de agosto de 2013 às 00:54

    Lindo texto, linda, Gabi, lindos vocês! Parabéns p Gabi e p vc, por ser um pai tão presente quanto sei que é... Lembro que quando nos conhecemos em Assis, a Gabi tinha dois aninhos e havia quebrado o braço... falava dela com brilhos nos olhos... apesar da preocupação. Beijão, saudades.
    Eloah

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  2. Nasce um avô.


    Edith Romano

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