quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Piano de Tom Jobim

          Estava ouvindo o magistral álbum Edu & Tom, de 1.981, uma antológica parceria de Tom Jobim e Edu Lobo, mais precisamente a canção “é preciso dizer adeus” , e pensei em encontrar uma imagem que representasse como vejo e sinto o piano do Tom, sem idealizar, buscando aleatoriamente, na base do insight, e a imagem que me veio foi esta:
Imagine que você tem uma mulher que ama, e vocês estão bem. Ela é companheira, parceira, com aquela cumplicidade que só os verdadeiros casais podem ter. Daquelas que o tempo passa, a intimidade aumenta e o seu desejo nunca arrefece.
         Pois bem, vocês saem uma noite. Comem uma comida muito boa, e você observa o brilho nos olhos dela. Vão para um barzinho, encontram amigos queridos, bebem um pouco, dançam um pouco, conversam muito, riem muito. Aí vão pra casa, pra cama. Fazem amor de um jeito tranquilo e caudaloso, relaxado e incendiário. Dormem cansados.
No dia seguinte, você acorda um pouco antes dela, na claridade suave do quarto pela manhã. Está deitado com o rosto há um palmo do dela. Ela ainda dorme. Você observa a expressão relaxada, a beleza dos contornos, sente o cheiro sutil dos seus cabelos.
        Então ela acorda. Abre os olhos, e eles trombam imediatamente com os seus, como se mergulhassem despretensiosamente um no outro. Então sorri um sorriso sutil, apenas de canto de boca. Mas um sorriso que vem lá do fundo da alma, de tal maneira que seu rosto se ilumina.

         Isso pra mim é piano de Tom Jobim.

2 comentários:

  1. Um piano de toque raro, com extrema sensibilidade; nele não há razão, antes transbordo do mais profundo sentir sem saber exatamente o que, mas incendiado pela mais espetacular necessidade de expressão.

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  2. Lindo texto e linda imagem. Para você isso é piano de Tom Jobim.. Para mim isso é amor.
    Laís

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